É claro que somos as mesmas pessoas, mas Pitty, aos 38 anos e exibindo ao mundo o barrigão de muitos meses de gravidez — sua primeira filha, Madalena, chegará a qualquer momento —, sabe como poucos no rock brasileiro administrar sua carreira, e jamais faria um DVD igual a todos, os dela e os outros muitos que pipocam ao fim de cada turnê. Em 11 anos desde “Admirável chip novo”, ela lançou apenas quatro discos de estúdio, emoldurados por cinco DVDs (sem contar os produtos do projeto paralelo Agridoce). Ao lado da gravadora Deck, a baiana sabe como funciona o métier.

Neste “Setevidas”, cantora e banda (Duda na bateria, Martin na guitarra, Guilherme no baixo e Paulo Kishimoto nos teclados e outros temperos) buscam um equilíbrio entre a tradicional agressividade de músicas como “Anacrônico”, “Memórias” e “Semana que vem” e sutilezas de quem curte um balançar de pescoço mas não precisa banguear o tempo todo. O guitarrista Martin é, possivelmente, o porto seguro em que a banda se apoia, dedilhando de forma sutil ou descendo a borduna nas cordas, muitas vezes dentro de uma mesma música. Duda, que acompanha Pitty nesses 11 anos, e Guilherme formam uma parceria precisa, quase mântrica, com a eventual guitarra da própria cantora, enquanto Kishimoto enfeita os arranjos, sem exageros, com bom gosto.

O DVD conta ainda com um documentário de 50 minutos com cenas de bastidores da turnê “Setevidas” e de apresentações em outras cidades, entre estas apresentações consta o show que a cantora apresentou durante a Festa Fantasia em Divinópolis. FONTE : GLOBO.COM